O BÊBADO E UMA LUA MULHER

Dia da namorada, da minha, obscura, que ás vezes é tudo, ou sempre tudo, mas também me parece nada, quando nada é tudo que me cala, e se me cala muda minha discordante vida e tudo se transforma em nada.

Um dia nossos olhos se cruzaram, falaram de coisas pertinentes, então algumas sombras pousaram, sabem onde?: nos arredores do meu coração.

Sim, eu pretendi cuspir dissabores pelas madrugadas vazias, mas eis que entrevi nas frinchas das nuvens uma réstia incólume de luz. Era ela, desfigurada pelo meu olhar alcoólico, mas estava lá, além das brumas… porém tão perto de mim, sonhador

Minha namorada de sempre, estrela multifacetada das cores que meus olhos viram, mesmo se o que viram foram névoas, mesmo se o que viram foram luzes.

Ei-la, muda, discordante, alheia, enquanto aqui, sentado, tartamudo, num barranco, sonho em tê-la perto, mesmo itinerante!

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