Noite Criança de Natal

Noite alta e lua cheia. Não há nuvens no céu, só no coração me punge um leve mas mortal ardor. Natal.

Mas que há de ser mais um Natal c’oa noite alta e a lua cheia? A noite é clara mas há um negror que fere o meu coração de lata.

Por que há frio nesta noite linda quando os berços de sucata embalam os nenês cujas chupetas são apenas umas tetas de um leite empedrecido?

Que Natal?! Que noite?! Se nas minhas ruas de postes apagados vagam seres como eu, calados, que não partiram de lugar algum, que se dirigem a lugar nenhum?

Porém sois Natal, minha noite!

Mas a brisa que minha árvore balança traz-me o sussurro incerto de uma criança traída por um sonho ausente… Ah, meu Deus, ela só quer um presente: um beijo, ou um abraço, ou um olhar decente, ou uma qualquer mão que a pegue mansamente e a convide para entrar.

É Natal mais uma vez, menino. Vem cá. Tens aqui teu doce, teu sapatinho novo, Teu riso santo revivido novamente e mais que isso, o teu melhor presente, uma estrada iluminada pra te acompanhar!

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