Vila Rosa e Dêbolo: crônica de uma despedida!

Por Redação 3 min de leitura

Outubro chegou, nem bem se apresentou e já foi recolhendo para os braços do Senhor da Messe mais um de seus filhos. Ceifa doída, daquelas que deixam um vazio, daquele choque inesperado da notícia que pega de surpresa, que num piscar décadas de convívio resumem-se em flashes de segundos. O alento, sempre o alento, é que descansou. Limitado e sem visão, o futuro era o acordar de cada manhã. O presente, como num retiro, recolheu-se no acolhimento da família, e em silêncio, discreto, partiu. Devoto de N. Sra. Aparecida, no mês dedicado a Ela, como nas tantas Romarias que fora, que Seu Manto o cubra e o conduza ao Abraço do Amor Maior. Dêbolo, nome de Batismo ao longo da caminhada, de pronúncia forte, tal qual seu caráter, verdadeiro, bruto, líder nato, intuitivo, carismático, na sua simplicidade, sem querer soube sê-lo do seu jeito, no balcão do negócio da família. Motorista de profissão, foi o pioneiro a conduzir o busão azul, amarelo e verde da linha Guarituba no início dos anos 90. Da boléia para o comércio, sua verdadeira vocação. Sua lanchonete de vila foi o cartão de visita da Vila Rosa. Ponto de encontro aos finais de semana, ali construiu-se uma gigantesca família de amigos. No inverno sua inigualável feijoada aos sábados, dobradinha e rabada com polenta branca também tinha. Seus assados foram o prato principal de muitas mesas nos Domingos. Generoso, tarde de sábado se pondo, fazia um mexidão no disco de arado com a feijoada que sobrara, estalava uns ovos e distribuía pro pessoal que ali estendera o dia. Assim como no dia 12 de outubro, a Vila acordava com o foguetório em honra a “Mãe do Céu Morena” e a criançada se emaranhavava na fila da distribuição dos doces. Coxa Branca, Corinthiano e sede do Clube “Amigos da Bola”, suas cores e escudos caracterizavam o bar, porém foi na zaga do Rocio, tradicional time da região, que dedicou por anos o seu bom futebol. Dêba mano véio, homem simples, do povo, trabalhador, um líder sem querer sê-lo, sua história te agigantou sem saber que fora tão grande, siga na luz, chegue em paz!

Por Edson Francisco “Kalunga” de Arruda.

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