UFPR avança em pesquisas sobre prevenção e linha de cuidado do AVC

Por Redação 5 min de leitura

O estilo de vida moderno, influenciado por estresse crônico, rotina exaustiva, alimentação rápida, sono irregular e pensamento acelerado, tem contribuído de forma significativa para o aumento da incidência de Acidente Vascular Cerebral (AVC). 

De acordo com a neurorradiologista intervencionista do Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (CHC-UFPR), Luana Maranha Gatto, situações de estresse intenso e emoções como a raiva elevam a pressão arterial e a frequência cardíaca. “Isso desencadeia uma resposta de inflamação no corpo, que pode favorecer a formação de aterosclerose (placas de gordura nas artérias) e alterações na coagulação, aumentando o risco de AVC isquêmico ou hemorrágico.” 

O consumo frequente de alimentos ultraprocessados e refeições rápidas contribui para o surgimento e o descontrole de condições como hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia (alteração dos níveis de gordura no sangue), obesidade e diabetes tipo 2. “A hipertensão é a principal causa do AVC. Já a obesidade, a dislipidemia e o diabetes são grandes catalisadores do AVC isquêmico, por favorecerem a formação de coágulos e o endurecimento das artérias”, afirma a médica. 

A irregularidade do sono também está associada ao aumento da pressão arterial e a danos nos vasos sanguíneos. A apneia do sono é um dos principais fatores de risco, já que distúrbios do sono podem elevar em até cinco vezes a probabilidade de ocorrência de AVC. 

Além disso, fatores genéticos e hereditários também podem aumentar o risco em pessoas jovens. Segundo a Rede Brasil AVC, aproximadamente 18% dos casos no país acometem indivíduos entre 18 e 45 anos. “Jovens com histórico familiar de AVC precisam passar por avaliação neurológica e adotar um estilo de vida saudável para controlar os fatores de risco modificáveis”, orienta Gatto. 

O AVC ocorre quando há alteração no fluxo sanguíneo cerebral, levando à morte de células nervosas na área afetada. O tipo isquêmico, causado pela obstrução de uma artéria, é o mais frequente e corresponde a cerca de 85% dos casos. Já o AVC hemorrágico, decorrente do rompimento de um vaso cerebral, representa cerca de 15% das ocorrências, mas tem maior índice de mortalidade. 

Segundo o Ministério da Saúde, os principais sintomas do AVC incluem confusão mental, alteração na visão, dificuldade para falar ou compreender, dor de cabeça súbita, perda de equilíbrio, tontura, alteração na marcha e fraqueza ou formigamento em um lado do corpo (rosto, braço ou perna). 

Atualmente, existem duas formas de tratamento para reverter o AVC: a trombólise endovenosa e a trombectomia mecânica. Para aumentar as chances de recuperação, é fundamental que a vítima chegue ao hospital com urgência. A avaliação inicial deve ser rápida, podendo seguir o protocolo “SAMU”: sorrir (S), levantar os braços como se fosse um abraço (A), cantar uma música (M) e, ao identificar sinais positivos, acionar imediatamente o serviço de urgência (U). 

A prevenção mais eficaz passa pela adoção de hábitos saudáveis: alimentação natural, prática regular de exercícios, sono adequado, atenção à saúde mental, consultas médicas periódicas, ausência de vícios e controle de comorbidades. Além disso, o check-up neurológico é fundamental, representando uma estratégia preventiva para a saúde cerebral e do sistema nervoso. 

Pesquisas da UFPR voltadas à prevenção do AVC 

No âmbito do Programa de Pós-Graduação em Medicina Interna e Ciências da Saúde, a UFPR desenvolve estudos sobre o AVC em diversas frentes, incluindo pesquisas multicêntricas voltadas à melhoria de imagens médicas, à reabilitação de pacientes e ao controle da hipertensão arterial pós-AVC, com o objetivo de prevenir novas ocorrências. 

“Na linha de cuidado do AVC, o reconhecimento e o controle dos fatores de risco podem, sem dúvida, auxiliar na prevenção e reduzir o número de casos. Um exemplo é a detecção e o manejo da hipertensão arterial sistêmica”, explica a coordenadora médica do grupo de doenças cerebrovasculares e do Laboratório de Neurossonologia do Serviço de Neurologia do CHC, professora Viviane Zétola. 

Neste sábado (25), a UFPR realiza, em parceria com diversas organizações e com a UniBrasil, uma ação no Parque das Águas, em Pinhais, das 9h às 15h. Durante o evento, serão aferidos pressão arterial e frequência cardíaca, aplicados questionários, oferecidas orientações e distribuído material informativo. 

Mesa redonda na Assembleia Legislativa do Paraná 

Na terça-feira (28), às 11h, a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) receberá uma mesa redonda aberta à comunidade em alusão ao Dia Mundial do AVC. O encontro terá como objetivo discutir a linha de cuidado da doença. 

“A política pública continua sendo a estratégia mais eficaz. Há 25 anos, eu e representantes da Sociedade Brasileira do AVC, em todo o país, promovemos campanhas durante a semana ou no Dia Mundial do AVC, disseminando informações à população. Isso evidencia a necessidade de avançar nas políticas públicas”, afirma Zétola. Por Brenda Adriano / UFPR.

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