Sínodo – Igreja Sinodal – Igreja em Saída – Igreja Clerical

O Sínodo dos Bispos é um organismo da Igreja Católica, instituído pelo Papa São Paulo VI no final do Concílio Vaticano II. Seu objetivo é auxiliar o Papa nas reflexões, discernimentos e decisões sobre os grandes temas da vida e da missão da Igreja1. A sinodalidade é a condição de a Igreja ser e se organizar no exercício de sua missão de evangelizar através do processo de comunhão e participação efetivas.

UMA IGREJA SINODAL: COMUNHÃO, PARTICIPAÇÃO E MISSÃO

A encarnação do Verbo Divino no seio da humanidade revelou o grande amor de Deus por todas as criaturas. O Ser humano, criado à sua imagem e semelhança (Gn 1,27), é a obra especial do Criador. Somos frutos do amor incondicional de Deus misericordioso que continuamente revela sua força de amor por todos nós.

Inspirados pela ação do Espírito Santo, a força do amor de Deus, somos conduzidos e inspirados para as boas obras na construção de um mundo humano e fraterno.

O Papa Francisco convoca os cristãos Católicos Apostólicos Romanos em mutirão de ações, para fortalecer a fé, incentivar a fraternidade, consolidar a alegria do evangelho na comunidade humana.

Diz o documento de preparação para o Sínodo: “O Documento Preparatório nos lembra o contexto em que este sínodo está ocorrendo – uma pandemia global, conflitos locais e internacionais, impacto crescente das mudanças climáticas, migração, várias formas de injustiça, racismo, violência, perseguições e crescentes desigualdades em toda a humanidade, para nomear alguns”.

A Igreja é chamada a fazer uma profunda revisão de vida e de ação evangelizadora para diminuir os sofrimentos, aumentar a esperança, chamar as pessoas de boa vontade para construir um mundo mais justo, solidário, sinal do Reino de Deus acontecendo no meio de nós.

Ao convocar este Sínodo (caminhar junto, comunhão), o Papa Francisco convida toda a Igreja a refletir sobre um tema que é decisivo para sua vida e missão: É precisamente este caminho de sinodalidade que Deus espera da Igreja do terceiro milênio.

A “IGREJA EM SAÍDA”

Trata-se de uma Igreja que toma a iniciativa, sem medo de ir ao encontro dos afastados, de chegar às encruzilhadas dos caminhos para convidar os excluídos (cf. EG 24). É um convite especial à passagem de uma Igreja autorreferencial, centrada em si mesma, a uma Igreja aberta à alteridade, porque “quem deseja viver com dignidade e em plenitude não tem outro caminho senão reconhecer o outro e buscar o seu bem” (EG 9). Isso significa dizer que “a Igreja não é um ‘para si’, mas um ‘para os outros'”.

Francisco e a Igreja em saída, para estar próximo da dor do mundo inteiro – A Igreja em “saída”, desejada pelo Papa Francisco, significa uma Igreja que, desprovida de poder, ostentação e discriminação, acolha os seus fiéis e vá ao encontro daqueles que fazem a amarga experiência da exclusão e do abandono.

Uma “Igreja em saída” é uma Igreja decididamente missionária, capaz de sair da autorreferencialidade para chegar a todos, indistintamente, a fim de testemunhar no mundo o amor salvífico do Senhor.

IGREJA EM SAÍDA – Um novo tipo de leigo/leiga.

Será que está aparecendo, na igreja católica, um novo tipo de leigo/ leiga, que corresponda aos ditames de uma ‘igreja em saída’? Nos últimos anos houve diversas iniciativas que visavam ativar a colaboração de leigos e leigas na qualidade de catequistas, professoras, animadores e animadoras, cantoras e cantores, secretários e secretárias paroquiais, ministros da Eucaristia, diáconos, ministros do dízimo, legionários, etc. São iniciativas de valor, mas, para quem enxerga a perspectiva de uma ‘igreja em saída’, fica claro que elas têm um caráter passageiro. Constituem a passagem entre um laicato totalmente passivo e o laicato que a igreja missionária do Papa Francisco necessita. Cedo ou tarde, o (a) leigo (a) terá de sair de sua posição de inferioridade e dependência em relação ao clero. Para tanto, ele (ela) terá de questionar o caráter corporativo da atual organização eclesiástica.

Hoje não verificamos, dentro da igreja católica, senão poucas formações leigas independentes e autônomas, capazes de atuar na sociedade como associações de direito civil e de defender, dentro daquela sociedade, os valores cristãos. Nisso, igualmente, a colaboração daqueles sacerdotes que se mostram dispostos a reassumir a antiquíssima imagem do ‘mestre’, do ‘profeta’ ou do ‘presbítero’, dos primeiros tempos do cristianismo, é preciosa. Mas o importante mesmo consiste em formar grupos fortes e coesos, alimentados por leituras bíblicas e outras leituras espirituais (como as Cartas de Dom Helder ou de Mons. Romero, por exemplo), pois não é fácil enfrentar sociedades permeadas de valores capitalistas. No mundo em que vivemos, fica difícil viver o evangelho sem o apoio de uma comunidade forte.

IGREJA CLERICAL

Clericalismo é o poder do clero na vida social, política e econômica.

O clericalismo é a conduta política que o clero de uma determinada religião manifesta para favorecer seus interesses institucionais e materiais com o objetivo de incrementar seu poder.

Geralmente está acompanhado de uma atitude de hostilidade e negação do estado laico o qual é visto como promotor da perda de prestígio e poder do clero e dos valores tradicionais defendidos pela religião. O Francisco, em seu discurso no Sínodo de 2018, descreveu o clericalismo assim:

O clericalismo surge de uma visão elitista e exclusivista da vocação, que interpreta o ministério recebido como um poder a ser exercido e não como um serviço gratuito e generoso a ser prestado. Isto levanos a acreditar que pertencemos a um grupo que tem todas as respostas e que já não precisa de ouvir ou aprender nada. O clericalismo é uma perversão e é a raiz de muitos males na Igreja: devemos humildemente pedir perdão por isto e acima de tudo criar as condições para que não se repita.

Na época da Idade Média, o clero tinha privilégio e prestígio na sociedade feudal, porque diziam-se fazer ligação entre Deus e os seres humanos. [O clero era, na Idade Média, todo o extrato social associado ao culto religioso, nomeadamente o cristão.[1]

O clericalismo moderno renasceu na Itália, quando o Papa Pio IX (1846-1878) promulgou o Syllabus (1864), considerando-se um prisioneiro do recém-nascido Estado italiano. Condenou todos os aspectos do Liberalismo e do Modernismo, dando vida aos movimentos do catolicismo intransigente que se recusaram a reconhecer o novo Reino da Itália.

Com a Encíclica Rerum Novarum (“Sobre as Coisas Novas”), o Papa Leão XIII (1891) mostrou seu repúdio ao Capitalismo e ao Socialismo, seu pouco entusiasmo pela Democracia e afirmou que as classes e desigualdades sociais constituem traços inalteráveis da condição humana, assim como os direitos de propriedade, inspirando o surgimento de correntes e partidos políticos como a Democracia Cristã e as chamadas Uniões Católicas, ao lado de outros movimentos reacionários, como o a Ação Católica na França.

Pesquisa e formatação: Ir. Ailda Brudéck Klüppell, CP

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