-
Anuncie: (41) 99774-0190
PERDÃO, JESUS!
Estou comemorando o dia do Teu nascimento. Sentado à uma rica mesa coberta de finas toalhas e plena dos mais variados e requintados pratos. Caras bebidas jorram nas taças que se erguem continuamente em brindes e vivas. Sacrilegamente saúdo a todos gritando o Teu nome. Alguma coisa, porém, me inquieta, me constrange. Lembro-me do Teu vir ao mundo. Um humilde jumento, um boi indiferente, algumas ovelhas assistiram o episódio que modificaria completamente a História da humanidade. O episódio do parto da mais Santa das mães. O berço no qual fostes colocado foi o mais pobre dos berços. Ignoram os homens que numa escura e fria gruta nasceu o Rei dos reis? E que a sua vida foi um contínuo caminhar para o sacrifício, crucificado que fostes por nós mesmos, vós que vos entregastes pela remissão dos nossos próprios pecados. Talvez para abrandar a ira do teu Pai em face dos nossos crimes. E nós Te assassinamos. Mas através dos séculos, valemos-nos das datas comemorativas do Teu natal para a realização de uma orgia. Uma orgia mundial. E pela janela da minha casa, lá fora, vejo uma criança sentada na minha calçada. Tem os pés descalços, coberta de farrapos, faminta. Tem até uma certa aparência contigo. Não sei porque todas as crianças pobres parecem contigo. Desvio o olhar. Não, uma simples criança não pode atrapalhar a minha ceia de Natal. O meu bacanal. Olho para os que comigo estão. Agora seria pior. Naquele dia, vós nos perdoastes porque não sabíamos o que fazíamos. Agora seria pior. Perdão, Jesus! Reconheça que o Teu sacrifício foi em vão.
Parreiras Rodrigues