Minhas tias ensinaram:
“Santo anjo do Senhor,
meu zeloso guardador, guardai-me…”
ao pé da cama sob um véu infantil
pra que eu adormecesse,
Nanando, nanando, nanando…

Elas eram assim, como santas quaisquer,
dizendo pra mim suas preces de ninar
na doce frouxidão depois do jantar.

Maria e Salomé,
Ana, Paulina, Adelaide,
Helena, Zulmira e Geni!
Ah, meninas,
quantas coisas desde então já vivi!

Guardo-as sob o tosco travesseiro do meu berço,
elas todas me embalando, e eu
nanando, nanando, nanando…
…”Se a ti me confiou a piedade divina,
sempre me rege, me guarde, governe,
Ilumine, amém.

Publicado no livro Réquiem a uma Borboleta – Piraquara 2008