-
Anuncie: (41) 99774-0190
“Memórias em prosa de uma Piraquara do século passado: um entardecer de outono!”
O sopro do vento gelado dos lados do Anhangava
depois das 5 da tarde anuncia que o Outono é cartão
de visita para o inverno que
bate às portas.
As carroças de lenha circulam abastecendo os paiol.
Chegam em metro ou rachadas. Rachadas no milheiro.
Em metro coloca o ocioso
machado em serviço.
Na cozinha o caixão de
lenha enamora o fogão com
sua boca em brasa. A chaminé só de birra resolve incensar a casa de bracatinga,
teremos toucinho e salame
defumado pro café, que dependurados no arame sobre
o fogão perfilam queimando suas gordurinhas.
Com o apito do trem os
turmeiros descem de seus
vagões com uma farta catada de pinhão pela serra do
mar. Coloca mais lenha no
fogão que vai ter pinhão assado na chapa. A nata do leite engrossa na leiteira, o coador combate a fumaça na casa
com seu aroma de café e a
polenta de ontem faz companhia na chapa com o pinhão que acabara de chegar.
Na dispensa os latão de
banha conservando os nacos
da carne de porco, os caqui
amarra exalando álcool para
ficarem mansos e docinhos e
as latas de mantimentos fazendo barulho, hora daquela visita na SUTIL. Refeição feita,
casa aquecida, hora de mergulhar debaixo do fofo acolchoado de pena de ganso, e
para os mais velhos, o tijolo
aquecido no forno, embalados na toalha repousam sob
seus gélidos pés.
Amanhece com as cores
do inverno: o branco da geada, o vermelho dos caqui, o
amarelo das ameixas e das
mexericas.
Hora de fazer fogo que
hoje tem batata doce com
porco no tacho!
Por Edson Francisco de Arruda