“Memórias em prosa de uma Quatro Barras do século passado”

Sob a dupla proteção do Padroeiro São Sebastião e da montanha “dos espíritos maus”; o gigante Anhangava; Quatro Barras de corpo fechado tinha nas cruzas das Avenidas São Sebastião com Dom Pedro II a referência de quem em uma de suas araucárias abrigou e pernoitou o imperador e sua comitiva em suas andanças por aqui pelas estradas da Graciosa, pinheiro que ostentou orgulhoso por longas décadas a placa “… aqui sob estas copas o imperador D. P. II repousou!” , e do alto da Av. do Santo Mártir a vista frontal das portas da Igreja Matriz e o seminário Dom Orione, complexo religioso que apresentou padres pioneiros como Bépe Rosin e Gustavo “Gugu”, o padre reitor Raimundo e o carismático com sua moto e violão Jaci. Visionários, levantaram a Capela do morro da Santa no cume do Anhangava, e suas trilhas prás missas do dia do trabalhador e da primavera virou tradição. Trilhas que quando não era na mata era na base da serragem e da borra de café no tapete da procissão de Corpus Christi.

Novembro, feriado de aniversário do município. Evento aguardado como parte dos festejos, o jogo de futebol no campo do seminário entre o time da cidade versus seminaristas. Rivalidade esportiva construída nos idos de 70 extrapolava os limites do “fair play” e o couro comia. Quatro Barras tinha “Pelé” e o seminário um pouco de fé, e ao final o troféu ficava por ali mesmo, aos cuidados das autoridades eclesiástica!

Mercado, tinha o da Dona Dirce Creplive. Um café ou um aguardente, tinha no bar do seu Bépe. Quantos curiosos não paravam só para conferir se aquela bola de cimento no muro era real? Na real mesmo era só puro marketing do saudoso Pepino!

Trabalho? Tinha a fábrica de bloco de cimento e a principal atividade econômica: beneficiar pedra na Borda do Campo, e para “happy hour” uma gelada nas mercearias do seu Ivo ou do Mocelim.

Bailes ficavam por conta do Clube Pinheiros e uma “flor da noite” colhia-se no Chacrinha.

E enfim ao dormir, a sinfonia vinha ao som dos caminhões que cortavam embalados a BR 116.

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