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“Memórias em prosa de uma Piraquara do século passado: vivências na Semana Santa!”
Facão desembaínhado e esmirilhado a postos para uma Cristã missão: golpear e derrubar as palmas do butiá para a missa do Domingo de Ramos. Seu sacrifício marca o início da semana Santa. Suas folhas em movimento pelos fiéis recordará a saudação da entrada triunfal do Messias em Jerusalém.
Terminada a missa, os ramos serão guardados e esquecidos até o próximo temporal. Benzido, reza a fé que seus ramos seco no fogo abranda os raios e trovões da furiosa tempestade.
A Semana Santa segue na sua quinta-feira. Na comprida.
Missa, o rito revive em detalhes a última ceia; cotidianamente lembrado no quadro pendurado na parede da cozinha; e o gesto humilde de sempre servir do lava pés.
Sexta-feira Maior a casa pára. A vassoura descansa! No fogão arroz doce e canjica preparados na noite anterior que somados ao pão e sardinha serão a base das refeições.
Sábado amanhece no malhar de judas e no estalar da cinta. A conta chegou para a criançada arteira que não respeitou o silêncio da Paixão de Nosso Senhor. O porco que escapou no Natal vai prá faca. No vai e vem da traçadeira a lenha no cavalete vai se reduzindo em toras, os coelhinhos e ovinhos de chocolate já foram comprados para rechear a cestinha e alimentar a imaginação de uma inocente infância que acreditava em coelhinho da Páscoa.
Domingo a missa festiva da Ressurreição. Ao contrário da procissão da Sexta da Paixão que explodia de fiéis cultuando a morte, a Igreja era o suficiente para acolher os que foram celebrar a esperança de uma vida nova, enfim no Plano de Salvação de Deus a morte foi vencida para os homens de boa vontade que acreditam na vida eterna.
Quanto ao pé de butiá, solito, não mais na companhia de sua gente, das pereiras, limoeiros, mimoseiras, parreiras, representando a família das palmeiras ainda segue firme na sua sina de se fazer presente na maior festa Cristã.