“Memórias em prosa de uma Piraquara do século passado: um gigante chamado União!”

Na padre João Lecont adormece um gigante com seu paredão sem recuo, na calçada, como muitas construções do centro histórico. Vizinho da igreja Matriz, um baixadão de meia quadra separa o templo católico do centro mundano de diversões. Área doada por famílias tradicionais e levantado na base do voluntariado nasce o Clube União Piraquarense Zacarias Vieira!

Enclausurado em suas próprias paredes, esconde memórias pioneiras da Italianada, polacada e portuguesada que na saída da missa das oito de Domingo pegavam a descida para uma peleia na cancha de bocha ou numa trucada.

“Curta, curta” gritava Caveira para uma bola sem fôlego para alcançar o balim. “Chumbo prá direita” orientava Colero pro seu parceiro. Os associados tinham seu armário individual para guardar suas bolas, toalhinhas e pantufa para adentrar na cancha, num verdadeiro ritual!

Nas mesas do bar a gritaria do truco; contrastando numa espécie de sótão; o silêncio da caxeta e da canastra, praticamente um “saloon” de faroeste “spaghetti”!

O balcão de atendimento, alto, similar a um púlpito, agigantava Jiló e seu Ivo com a especialidade da casa: coxa assada e vina no molho a borbulhar na estufa. Prá classe operária Ferroviária, do sistema penal, taxista e da construção civil era o espaço ideal de lazer, assim como prá juventude.

O Clube era acolhedor, tinha espaço prá todos. Na trilha de Nazareth, ACDC, Raul Seixas e “Mama mia” o sarau marcou a geração roqueira dos cabeludos rebeldes.

Na muralha das “caixas de abelha” se revezavam Star Life, Esquelétrico e Guino, os DJ’s da época. Pros apaixonados, no girar do globo espelhado, Rita Lee embalava os casais com “Lança perfume. A quadra de assoalho foi palco de grandes jogos de futebol de salão. Dali saiu uma geração boleira que fizeram bonito nos jogos abertos do Paraná de 1987.

“O Clube”, assim carinhosamente chamado, era de todos! Havia quadro social, Ala jovem, estatuto e mesa diretora.

Tinha baile do Chopp, Carnaval de salão, festa junina, show do Blindagem e até “Telecath”. Terceira idade ou “melhor idade”, tinha baile também. Pista de patins e skate aos Domingos a tarde na febre do início dos anos 80 foi também!

“Unha” véio de guerra, testemunha pioneira das gerações que construíram a nossa história, você calado nada mais é que um casarão abandonado ao próprio desgaste, como tantos por aqui!


Por Edson Francisco de Arruda

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