“Memórias em prosa de uma Piraquara do século passado: missa do trabalhador!”

1º de Maio é uma data marcante, forte, especial, diferenciada; significa luta, trabalho, suor, pão na mesa, qualidade de vida! Lembra cheiro da Serra do Mar, caminhada na madrugada, bafo de frio no ar, pinhão crú catado nas trilhas, cabo de aço desafiando o gigante Anhangava, missa do trabalhador! 1º de Maio lembra nosso povo de Curitiba, Quatro Barras, Campina Grande do Sul, Borda do Campo, Pinhais, São José dos Pinhais, as comunidades do Rio do Meio, Jardim Paulista, Menino Deus, Campininha, Colombo, Piraquara, Seminário de Dom Orione; lembra este povo reunido cantando nas cordas do violão do Padre Jaci a canção do Antonio Marcos: “Um certo dia um Homem esteve aqui…”; e numa só fé, numa só oração, tal qual o “Sermão da Montanha”, ouviam o Evangelho e dividiam os “calos” das mãos em Comunhão com Cristo Jesus.

O Anhangava, em tupiguarani, “montanha dos espíritos maus” , imponente e portentoso é um cartão de visita da região para os amantes de montanhismo e trilhas, um verdadeiro cartão postal da natureza. Ali era celebrada a missa do trabalhador. Grupos de jovens, seminaristas, leigos, fiéis, gente de todas estas comunidades após dura caminhada aglomeravam-se diante do improvisado altar e rezavam de mãos dadas o “Pai Nosso”, ouviam o Evangelho e renovavam as esperanças das promessas das bem aventuranças: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados; Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus; Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus…!”

E lá em meio às nuvens, na vastidão da mata atlântica e ao alcance da vista de nosso litoral, menino pedia igualdade nas oportunidades de trabalho, saúde e proteção aos trabalhadores, sabedoria e justa remuneração por parte dos empregadores, valorização e reconhecimento por parte do Estado pro nosso aguerrido magistério.

Foi num primeiro de maio que há 30 anos perdemos o Airton Senna, no seu ofício, correndo, em um acidente de trabalho como tantos no anonimato do dia a dia, como todos os mortais.

Velho e verde Anhangava, de tantas missas, exorta os maus espíritos e de seu cume, próximo de Deus, com as bênçãos da mãe natureza proteja os nossos trabalhadores!

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