Maria Madalena Frescobaldi Caponi, 1815, um pacto educativo pela vida

O Papa Francisco idealizou um projeto para o mundo: o pacto educativo global.

Maria Madalena há 206 anos, já havia feito um projeto educativo pela vida, quando fundou as “Ancilas da Paixão”, resultado de seu coração compassivo. Os frutos deste pacto se estendem ao longo de dois séculos: mulheres consagradas, leigos e leigas; uma família religiosa e laical convicta de que habita na educação, a “semente da esperança”, e como lembra o Papa Francisco, “é uma esperança de paz, de justiça, de beleza, de bondade e de harmonia social”.

A MULHER DO PACTO, DO PACTO PELA VIDA

Santo Agostinho lembra que o primeiro pacto, foi o pacto pela vida, feito entre o Criador e a criatura, sua obra prima: o homem e a mulher. A iniciativa partiu de Deus buscando conservá-los na vida: “Não comam da árvore da ciência do bem e do mal, senão vocês morrerão” (Gn 2,17). Maria Madalena experimentou na carne a dicotomia morte e vida, morte não como desobediência, na forma dos nossos primeiros pais, mas como consequência natural da existência humana frágil e do projeto de Deus para cada pessoa, como: a morte de 3 filhas, e mais tarde a morte do esposo; o exílio na Áustria; a volta e o recomeço de uma nova história…; morte enquanto opção fundante: de um título de poder (Marquesa) ou de um Status social, para a kenosis do resgate, e a entrega da vida, como dom de si… As tantas mortes resultaram em vida abundante, num pacto pela vida, feito por Madalena ao longo da sua existência, sobretudo a partir de 1815. Foi uma aposta em Deus, pela firmeza da sua personalidade e da sua maternidade colocada à serviço do reino.

A MULHER DO PACTO, DO PACTO DA FÉ

O segundo pacto bíblico foi feito entre Deus e Abraão, foi o pacto da fé, cuja prova máxima foi a coragem de Abraão em sacrificar o próprio filho Isaac, para cumprir a vontade divina; este pacto selou a posteridade de Abraão, através das gerações. Maria Madalena iniciou o pacto da fé, na formação cristã que recebeu dos seus genitores e selou ao longo da sua vida, especialmente nos momentos cruciais. O grupo “Amizade Cristã” que Madalena conheceu no exílio, levou-a a um olhar mais distante… Deus a chamava para uma saída exigente: relativizar o título e a nobreza, e abraçar as periferias existenciais e sociais. De regresso à sua pátria, Madalena estava decidida a seguir o convite do Mestre: “Quem quiser me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida perdêla- á, mas quem perder a vida por causa de mim e do Evangelho salvá-la-á” (Mc 8,35). Esse pacto foi um caminho, um abandono à vontade e a providência divina… Madalena foi, então, ao encontro das mulheres em situação de prostituição, que culminou na fundação do Retiro das Ancillas da Paixão, depois o escrito das primeiras regras do Instituto e mais tarde, as irmãs Passionistas de São Paulo da Cruz. O pacto de fé gera família, no carisma e na missão.

A MULHER DO PACTO, DO PACTO DA GRAÇA

O terceiro pacto bíblico é o pacto da graça santificante, onde, pela encarnação de Jesus Cristo, o Pai cumpre a promessa da vinda do Messias Salvador, nascido de Maria: Virgem, Mãe, Imaculada e Dolorosa, inspiração para Maria Madalena, que a colocará como primeira Superiora das comunidades religiosas passionistas. Não Filho crucificado, o Pai revela a sua mais estupenda obra de amor pela humanidade, possível de ser experimentado por todos os homens e mulheres. Maria Madalena, a exemplo de São Paulo da Cruz, experimentou profundamente esse amor e no Calvário, fez o pacto da graça, pela Memória Passionis, como lembra o início das Constituições das irmãs passionistas: “Maria Madalena e as Ancillas se revestiram da memória de Jesus crucificado, marcadas e transformadas pela misericórdia, tornam-se mulheres-memória… (IV) e em outros parágrafos: “Se tornaram Memória viva do Crucificado, encarnado no compromisso de contemplação, de reparação e de intercessão, em atitude de louvor e de gratidão (V). Maria Madalena escolheu a educação como meio privilegiado da sua missão… onde a pessoa encontra-se com o Senhor crucificado, para nele encontrar o sentido da vida e da história (VII).

Em suma, o pacto pela vida, pela fé e pela graça, fez de Maria Madalena Frescobaldi Caponi e das irmãs passionistas “sentinelas do amanhã”, e das comunidades religiosas e CLPs, comunidades da esperança; esperança que “arranca as pessoas de uma lógica estéril da indiferença, para uma lógica de acolhida da nossa pertença comum” (Papa Francisco).

Parabéns, irmãs, leigos e leigas passionistas; parabéns, família passionista… pela celebração de hoje: 182 anos da Páscoa daquela, que junto de Deus reza por todos nós, para que sejamos formadores (as) de um novo tempo, sobretudo neste tempo de pandemia; porque, como passionistas, somos chamados (as) a contemplar, indicar e provocar os sinais de Páscoa, na Paixão do mundo.

Dom Amilton Manoel da Silva, CP


Quem desejar mais informações pode acessar https://irmaspassionistas.org.br ou comunicar graças recebidas, pode entrar em contato com as Irmãs Passionistas: 

CENTRO EDUCATIVO PASSIONISTA MARIA JOSÉ
Av. Getúlio Vargas, 224 83301-010 – Piraquara – PR
Fone: (041) 3673-2477

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