Lembranças de um jogo no Estádio – Juventus 2 x 2 Greminho
Era domingo de manhã, outubro de 1986, fui comprar o jornal, convidei o Tibica, e resolvemos dar uma passada no estádio. Jogavam o Grêmio Esportivo Piraquarense e o Juventus EC. Quando lá chegamos demos de cara com o Joel manco e o Joãozinho. Naquele momento o Ronaldo fizera um lançamento pro Jacó correr pela ponta esquerda… O Marquinhos, o Galinho e o João Ribeiro se misturavam ali na meia-cancha, observando o lance, e mais atrás se ouviam nitidamente os gritos do Claudinho e do Mico apoiados pelas reclamações do Osmarzinho.
Parecia um jogo bem corrido. Fomos de imediato tomar uma ceva na primeira barraquinha e já fui falando: “Ô, tiozinho manda aí uma kaiser bem gelada!”. Já chegaram mais pra perto o Paulinho Bugre, e o Pinóquio . Cada um ia pagar uma – pensei. Que nada! Todo mundo duro! E ainda por cima encostaram o Cabeção e o Miltinho, comentando que o Roque estava muito devagar no apito e tinha deixado de dar um pênalti no Polaquinho bem naquele instante. Quando eu apitava – comentei – o buraco era mais embaixo. Acompanhava o lance em cima e era duro, quem recorda que o diga, até que levei um safanão de um vida torta, o apito caiu no chão e ali ficou. Nunca mais apitei. Nesse dia quem continuou na arbitragem foi o Bastião e não demorou nem quinze minutos pra quebrar o maior pau!
Pedi mais uma e o zé bigode, se virou para achar a mais gelada, nessas alturas só tinha cerveja quente. Gol do Bombeiro! O Zito cruzou e o Claudinho escorregou bem na hora de interceptar; o Osmarzinho nada pôde fazer e o cara entrou com bola e tudo.
O Marquinhos estava brabo, e dava de dedo no time inteiro dizendo: – Já falei pra não marcar jogo no estádio, quando tiver baile no San Remo, da nisso. No dia anterior no sábado, havia tido o Baile do Chopp no San Remo, e a maioria do time foi no baile, teve alguns que saíram do baile e foram direto para o jogo
Próximo à gente, o Paulo Silva, e o Mirinho, que metera a boca no Jorge preto, que queria apostar cerveja com todo mundo.
O Galinho pegou a bola na ponta direita, foi driblando até chegar na entrada da área, deu um chute no canto Gol do Greminho.
Agora o Jacó estava bravo dizendo:
– Podia pegar essa Coalhada, hein? Veio direto do baile também?
Terminou o 1º tempo e o Gordo me perguntou se eu tinha visto o Tata, que o Pedrinho estava esperando pra fazer um truquinho valendo uma ceva, na melhor de três, Falei que o tinha visto conversando com o Bastião do outro lado do estádio.
No 2º tempo ainda teve uns lances interessantes: o Beleza, mais perdido que cego em tiroteio quis dar uma meia-lua no Pombo, bem na entrada da area, e quando ia passando levou um “chega pra lá” que o arremessou de cara no chão; foi o bastante pro Toninho fotógrafo chegar junto e dar de dedo, mesmo ele caído e estatelado.
– Aqui não tem nenhuma criança, pra você fazer palhaçada, diz ele bravo!
Foi advertido por sua senhoria o árbitro, com cartão amarelo, que marcou pênalti: quem ia cobrar era o polaquinho, ficou uns dois minutos arrumando a bola, fazendo cena, era gol quase certo, sua senhoria apitou, ele chutou, e o coalhada voou como uma águia e tirou a bola da caxeta. O Robi comentou: O quê aconteceu? O polaquinho não perde pênalti?
Então o Ema olhou no calendário e disse:
– Hoje é dia de Santa Idevirges (das causas impossíveis) está explicado.
Logo em seguida começou um bate boca próximo à barraquinha de cerveja: O Cazuza discutindo com o Jorge preto, de novo, os dois miando; e quando parecia que o bicho ia pegar chegaram o Zé bode e o Careca, apareceram pra botar água fria na fervura. O Coka e o Orelhão ainda tiraram um sarro, e logo todo mundo já estavam numa boa, tomando mais uma.
O jogo terminou 2×2, mas no finalzinho o Zito ainda perdeu um pênalti, bola na trave, que jogo!



