Desencarnou o cavalo preto

O cavalo é dos animais mais úteis que a humanidade já conheceu. Desde que o mundo é mundo até aí uns 100 anos atrás, os equinos eram parte integrantes e indissociáveis do desenvolvimento humano. Fizeram o transporte, os serviços pesados, ganharam as guerras. O cavalo que no Brasil esteve no grito da independência, na proclamação da republica e na revolução de 1930. Animais de um porte avantajado, altivos, inteligentes e, sobretudo limpos. Não tomam água suja, não se atolam em pântanos, não caem em buracos, não se deixam picar por cobras, abelhas ou vespas. Muito e bem ao contrário do que frequentemente ocorre com os bovinos que frequentam o mesmo espaço.

No geral, considero o melhor amigo do homem, bem mais que o cachorro. Qualquer pessoa que com tais animais ainda lida, sabe e explica suas virtudes e predicados. Sabe por exemplo que sempre volta para casa pelo mesmo caminho da ida. Isto é, o seu dono pode tomar todas que o piloto garante a chegada. Desde que consiga se manter em cima, é claro. Sabe também que ele presente a presença de cobras, de en- Desencarnou o cavalo preto xames de vespas ou abelhas. Simplesmente os desvia. E mais; o interiorano sabe que a noite, quando o cavalo por sua conta, dá uma enorme desviada no itinerário é por que por ali tem visagem, assombração. Como eles dizem: “Mecê arrespeite que é miorr.”.

Esta semana perdi meu grande amigo e companheiro, o cavalo preto, ou “pretinho”, como todos o chamavam aqui na Vila São tiago, com idade bastante avançada, 35 anos de idade, comparada a idade humana, mais ou menos uns 90 anos de idade. Os problemas de saúde começaram a aparecer, o rim parou de funcionar, e foi inevitável, apesar dos esforços dos veterinários e medicamentos, chegou a hora dele, desencarnou.

Essa é uma pequena homenagem que faço a ele, um grande companheiro que esteve comigo e me acompanhou por tanto tempo, muito obrigado pretinho, por tudo e descanse em paz. No seu enterro coloquei junto ao seu corpo, uma moeda de prata, e expliquei a ele, que Anubis vai pedir, na passagem da barca, até o seu destino final.

Cezar A. Sizanoski

Compartilhe este artigo!