Tecnologias assistivas desenvolvidas na UFPR ajudam a tratar animais com deficiência  

Projeto de extensão multidisciplinar une engenharia e veterinária e cria soluções para melhorar a qualidade de vida de animais 

Quando perdeu parte da pata devido a um câncer, Gorda, uma galinha resgatada, recebeu uma nova chance de se locomover com auxílio de uma prótese desenvolvida especialmente para ela por integrantes dos laboratórios Engenhar-MEC e 3D Life Lab. Os projetos de extensão da Universidade Federal do Paraná (UFPR) têm como objetivo propor alternativas de baixo custo para tecnologias assistivas, utilizando manufatura aditiva, popularmente conhecida como impressão 3D.

Esse é apenas um dos muitos casos que ilustram como a tecnologia pode ser aplicada em benefício do cuidado animal. Além da galinha, o projeto já atendeu cachorros, gatos, um marreco e até uma ovelha, proporcionando mais qualidade de vida, autonomia e inclusão a animais com deficiência. 

Tecnologias assistivas desenvolvidas pelo Engenhar-MEC com aplicação na veterinária. Imagens: Engenhar-MEC

Chico é um cão da raça bulldog francês pertencente a uma estudante do curso de Engenharia Mecânica. Ele foi diagnosticado com hemivértebra, uma malformação congênita da coluna vertebral caracterizada pelo desenvolvimento incompleto de uma vértebra, o que resultou na perda da coordenação motora dos membros pélvicos. Para se locomover, o animal precisava se arrastar. 

“Após atendimento com um ortopedista do Hospital Veterinário e uso de medicação, Chico conseguiu ficar em pé, embora ainda com pouca estabilidade. Desenvolvemos, então, um carrinho de alumínio e ele saiu correndo pelos corredores do Setor de Tecnologia assim que foi colocado sobre a estrutura”, relembra a professora.

Benefícios para alunos e formação interdisciplinar 

Para os integrantes do laboratório, o ambiente proporciona um aprendizado enriquecedor, não apenas pelas questões técnicas, mas também pela vivência interdisciplinar. “Estudantes de Medicina Veterinária, por exemplo, aprendem a utilizar softwares de modelagem da engenharia e retomam conhecimentos adquiridos nas fases iniciais do curso, aplicando-os no planejamento de próteses. Além disso, desenvolvem habilidades relevantes para a atuação profissional”, informa a professora. 

Bárbara Beatriz Garcia Santos, estudante do 9º período de Medicina Veterinária e participante do projeto, destaca que a integração entre as áreas da saúde e das ciências exatas permite a convergência de conhecimentos complementares, como os aspectos biomecânicos dos animais e o processo de fabricação e design das próteses. 

“Aprendi ainda mais sobre a importância de compreender a história e a individualidade de cada animal. A iniciativa também favorece a proximidade com o paciente e com o tutor, o que proporciona aprendizados significativos sobre ética profissional e respeito ao indivíduo atendido. Esse contato contribui para o desenvolvimento de uma visão crítica em relação ao planejamento e às condutas adotadas em cada situação clínica”, complementa a estudante. 

Leia mais sobre o uso da impressão 3D para desenvolver tecnologias assistivas aqui.

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