Com apoio da FAS, homem de 54 anos reconstrói a vida e conquista autonomia após situação de vulnerabilidade

A trajetória de Gessé Justino dos Santos, de 54 anos, é um exemplo de como dignidade e oportunidade podem transformar realidades. Nascido em São Carlos do Ivaí, no Noroeste do Estado, ele enfrentou problemas pessoais que o levaram à situação de rua. Mas mesmo diante das dificuldades, nunca perdeu a determinação de mudar e reconstruiu sua autonomia com o apoio da Fundação de Ação Social (FAS).

Antes de chegar a Curitiba, em janeiro de 2024, Gessé passou por outras cidades, buscando ajuda com familiares. Foi na capital que encontrou o apoio necessário para recomeçar. Ao ser atendido nos serviços da FAS, entre eles Casas de Passagem, Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP) e Hotel Social, teve a oportunidade de começar uma nova jornada.

Gessé diz que na FAS recebeu mais do que abrigo: encontrou orientação, formação e caminhos concretos de reinserção social. “Hoje eu trabalho, pago o aluguel da minha casa, que fica em Colombo (Região Metropolitana de Curitiba), faço tratamento com um dentista, faço academia e vou à igreja”, conta feliz o homem que trabalha como zelador de condomínio, em um prédio residencial e comercial da capital, onde além da limpeza tem funções administrativas. 

Para o presidente da FAS, Renan de Oliveira Rodrigues, histórias como a do Gessé mostram o impacto real das políticas públicas quando são construídas com acolhimento, respeito e foco na autonomia das pessoas. “Nosso compromisso é oferecer caminhos para que cada cidadão em situação de vulnerabilidade possa reconstruir sua vida com dignidade e esperança”, afirma Renan.

Capacitações

Durante oito meses em que foi atendido pela FAS, Gessé participou do programa Mobiliza, que capacita jovens e adultos para o desenvolvimento de habilidades sociais e competências pessoais que favorecem a inclusão produtiva e o acesso ao mercado de trabalho.

Ele também fez curso de doces, no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), e participou de oficinas organizadas pelos Centro POP, como as campanhas sobre trânsito seguro e combate à dengue. Segundo ele, os serviços oferecidos pela FAS foram essenciais.

Gessé conta que foi esse processo de formação que lhe deu confiança para participar da entrevista de emprego que mudaria sua vida. A vaga surgiu por meio de uma indicação e mesmo sem experiência na área, decidiu tentar. 

“Achei que não daria certo, mas fui porque me sentia preparado e acabei sendo escolhido entre outros candidatos. O que aprendi na FAS fez toda a diferença”, ressalta.

Ele diz que foi o próprio desejo de mudança, junto com as oportunidades oferecidas pela FAS, que fizeram a diferença em sua vida. “Eu sempre me preocupei com isso: às vezes a pessoa nem sabe por que está ali. Acha que é só uma ajuda, um banho, uma comida, uma roupa, e depois volta pra rua. Mas não é só isso. A gente sabe que a FAS oferece muitas coisas que ajudam no crescimento pessoal”, explica.

Trabalho de referência

Entre todos os serviços da assistência social que usou, Gessé destaca o Centro Intersetorial de Atenção a Pessoas em Situação de Rua, localizado no Centro. Também chamado de FAS SOS, ele é o maior espaço de atendimento a esse público na capital e reúne serviços de várias políticas públicas, entre elas a Defesa Social e a Saúde.

“Lá tem tudo, encaminhamento pro trabalho, médico, hotel, programa social. Esse projeto de Curitiba é muito bom porque tem todos os serviços no mesmo lugar”, completa.

Gessé acredita que superar a situação de rua exige um exercício de reflexão. Segundo ele, é preciso olhar para dentro, se reconhecer e buscar uma mudança. “Tem que fazer essa reflexão, olhar pra si mesmo, se tratar, mudar a forma de pensar, de viver, de falar com as pessoas, o comportamento, buscar a educação que um dia teve também, pra não perder a vida”, diz. “Todos são importantes e merecem uma chance de recomeço.”

Com a experiência que viveu, Gessé também reflete sobre a importância da população entender que, antes de tudo, quem está em situação de rua é um ser humano. E mais do que isso, que nem todos tiveram as mesmas oportunidades. Segundo ele, estar na rua não é uma escolha de quem não quer trabalhar ou estudar, mas, muitas vezes, consequência de dificuldades, como problemas familiares, psicológicos e financeiros. Ele também ressalta que há pessoas formadas, com profissão e conhecimento, vivendo nas ruas, mas que, devido a questões sociais, à falta de trabalho e de oportunidade, acabaram nessa situação.

Depois de tantas conquistas, Gessé tem agora diversos planos para o futuro, entre eles cursos que o capacitem para apoiar outras pessoas. “Eu gostaria de ter um conhecimento mais profundo para poder ajudar outras pessoas, porque eu vou estar sempre envolvido com esse tipo de projeto”, explica.

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