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Abertura Política
Início da década de 70. Ditadura de Médici no Brasil – anos de chumbo – e de Stroessner no Paraguai – lá também. Aqui e lá o pau comendo solto. Em campanha eleitoral, Maurício Fruet e Alencar Furtado, acompanhados de outras lideranças emedebistas, percorriam Altônia, Iporã, Terra Roxa e Guaíra. Nessa última, depois de conhecerem as finadas 7 Quedas, que eram mais de 40 e por muitos mais bonitas que as do Iguaçu, resolveram atravessar o Paranazão para uma visita a Salto Del Guayrá, no Paraguai, a pedido do deputado pernambucano Fernando Lyra. Lá pelas tantas foram almoçar no restaurante de um amigo brasileiro onde já se encontrava um ex-radialista curitibano, contemporâneo do Maurício, quando este deitava e rolava em seus programas esportivos em Curitiba. O dito profissional colocou o microfone da rádio paraguaia à disposição do nosso deputado. Num mais ou menos portunhol, Fruet saudou os paranaenses expulsos pela situação econômica do Brasil e que haviam procurado o país guarani como segunda pátria. Nem bem se passaram minutos, a frente do restaurante se encheu de jipes e peruas e deles desceu uma dúzia de bravos soldados de Stroessner empunhando pesados fuzís, baionetas à mostra. Maurício, Alencar, Lyra e os demais comensais se entreolharam, começaram a suar frio, temendo o pior. O pelotão invade o restaurante e perfila-se diante da mesa dos oposicionistas não só ao regime de exceção que vigorava no Brasil, como a de toda ditadura em qualquer parte do mundo. Assume a frente da armada, um garboso oficial que, empertigando- se, bate uma continência que quase lhe derruba o próprio quepe e discursa: “Em nombre del generalissimo Alfredo Stroessner, la grand nacion paraguaya, saluda los ilustrados parlamentares brasileños, enseando-lhes feliz estada”. Foi mais ou menos isso o que eu ouvi. Após a saudação cumprimenta um a um e, do alto da sua autoridade dá voz de comando a seus soldados que, em formação, deixam o restaurante envoltos em nuvem de poeira deixada pelos jipes e peruas. Depois de limpar o suor frio que ainda lhe banhava a testa, Fruet falou: “Iniciamos hoje o processo político de abertura política aqui no Paraguai”. GARGALHADA GERAL E PANO RÁ- PIDO.
Parreiras Rodrigues