A Batalha do Politécnico: conheça o episódio histórico que marcou a luta pela educação pública

Revolta de estudantes reverteu decisão de cobrar taxas para se fazer cursos da UFPR. Documentário produzido pela UFPR TV conta esta história
Como seria se a Universidade não fosse pública e gratuita? Quais seriam as consequências para todos os cidadãos? As instituições públicas de ensino superior já sofreram vários ataques e seguem resistindo para garantir a todos e todas uma educação pública, gratuita e de qualidade. Em 1968, estudantes da Universidade Federal do Paraná (UFPR) foram protagonistas de um dos maiores episódios em defesa dessa causa.
Por influência do governo militar, em uma ditadura que durou 21 anos, a UFPR seria modelo de testes para cursos pagos, que poderia se ampliar a todo o país. Assim, em 1968, a Universidade ficou muito próxima de ter cursos pagos. Seriam, inicialmente, os cursos de Direito e Engenharia.
Segundo o historiador Luiz Gabriel da Silva, o plano vinha de encontro com influências oriundas do governo dos Estados Unidos.
“Havia os acordos entre o Ministério da Educação (MEC) e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e eles queriam implementar nas universidades brasileiras um modelo parecido com o das universidades de lá. Inclusive com ensino pago”.
Para evitar a efetivação do plano do governo de iniciar a cobrança pelo ensino público, os estudantes da Universidade Federal do Paraná resolveram se manifestar no dia 12 de maio de 1968. O jornalista Adherbal Fortes de Sá Júnior relata ter encontrado vários estudantes se preparando para o protesto. Ao perguntar a razão do encontro dos estudantes, teve como resposta: “Nós vamos para o Politécnico, hoje vai começar a matrícula de Engenharia, cobrado. Então nós vamos lá para impedir que isso aconteça”, relembra.

A foto mais famosa do protesto, tirada pelo fotógrafo Edson Jansen, mostra um jovem com um estilingue apontado para a cavalaria da polícia. O jovem era José Ferreira Lopes, conhecido como Doutor Zequinha. Zequinha, hoje com 83 anos, era envolvido com o movimento estudantil da época e relata que a ação era importante para evitar um desmanche ainda maior da educação, que já havia sofrido cortes por parte do governo militar.
“(O ato) É um marco em defesa do ensino, da universidade pública. As conquistas estudantis foram, de fato, um marco para o ensino público e gratuito do Brasil”, ressalta.
Com depoimentos e imagens de quem estava presente nesse momento histórico para a educação superior brasileira, o documentário A Batalha do Politécnico, produzido pela UFPR TV, mostra como a luta pela educação é uma tarefa de todos.
“Se não fossem os estudantes de 68, que se mobilizaram nessa batalha, hoje a gente estaria pagando para estudar nas Universidades”, afirma o historiador Luiz Gabriel da Silva. Confira o material completo, exibido no programa Estado da Arte, da UFPR TV, com todos os detalhes desse importante evento para a educação superior brasileira. Por Joao Heim / UFPR.
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