A arte como bem-estar: muralismo compõe ambientes do Hospital e Maternidade Municipal Papa Francisco

Uma mãe envolve um bebê em seus braços, diante de uma paisagem solar, sobre uma vegetação de araucárias. Mãos que acolhem e cuidam. Um rostinho expressa a emoção de pertencer a um mundo que lhe recebe no colo. Essas são algumas das cenas impressas pelas mãos e pincéis dos artistas Rodolfo Lima, Lucas Domingos e Lucas William, artistas que deixam suas cores e traços nas paredes do Hospital e Maternidade Municipal Papa Francisco, em Pinhais.

“Trabalhamos mais para o lado de um aquarelado, fazendo parecer. Sempre trabalhamos com tinta, pincel, rolinho e tudo mais, mas aqui foi essa questão do carinho, do afeto, para que o público se sinta abraçado. A gente procurou essa estética dreamy,de sonho, para deixar bem leve e bem e acolhedor. Para trazer um aconchego”, explica Rodolfo Lima, diretor criativo da empresa Blackbird.

O trabalho artístico foi contratado pelo Consórcio Saúde Pinhais Ltda, vencedor da licitação da obra e da concessão administrativa do novo equipamento de saúde, 100% SUS. A viabilização do hospital e maternidade se dá por meio de Parceria Público-Privada (PPP) entre o consórcio e a Prefeitura de Pinhais que, juntos, aportam cerca de R$ 126 milhões na construção. Os recursos próprios da prefeitura são investidos por meio do programa Avança Pinhais.

Com um portfólio de muros, galpões e silos transformados em telas a céu aberto, o grupo aceitou o desafio de realizar a arte em muralismo pela primeira vez num hospital. “Fizemos um trabalho que envolvia o tema da saúde tempos atrás, com imagens de enfermeiro, mãos, então eles [equipe do Consórcio Saúde Pinhais] viram e quiseram trazer para o hospital de Pinhais, algo que transmitisse afeto, que transmitisse carinho, com cores, quase um aquarelado assim”, comenta Lima.

“Foi nesse conceito que fizemos as três imagens aqui. É o nosso primeiro trabalho num hospital. Geralmente trabalhamos com fábricas, grandes escritórios, mas aqui no hospital é a nossa primeira experiência, inclusive de pintura indoor [ambiente interno]. Geralmente pintar indoor é mais fácil, mais controlado, você não tem intempéries do clima”, acrescenta.

Exposição permanente

Logo no hall de entrada do hospital e maternidade, uma grande tela convida as pessoas a presenciarem um bem-estar provocado por uma das telas expostas permanentemente no interior. “Justamente aqui [vista do hospital para a Av. Nossa Senhora da Boa Esperança] tem esse pôr do sol, ou o amanhecer, que é muito parecido com o que você vê lá fora. Alguns dias que viemos pintar, o céu fica rosa assim mesmo, sempre colocando elementos do paranismo, como as araucárias”, sugere Lima.

“Geralmente fazemos artes grandes e você acaba vendo mais de longe, então o desafio aqui é que as pessoas vão chegar bem perto da arte, então tem que ser bem caprichado, com acabamento perfeito, esse é o desafio. Mas outro grande desafio é o conceito, como chegar num resultado – conversando com a equipe do hospital, tentamos algumas imagens e chegamos nesta aqui [arte no hall de entrada] justamente para representar a mulher, transparente, com o filho, para representar todas as etnias”, completa.

De olhos e ouvidos atentos ao que as pessoas têm opinado, o líder da equipe de artistas deseja ao futuro público a sensação de conforto semelhante à satisfação que experimenta sobre o trabalho realizado: “Estamos ficando bem felizes com o resultado, o pessoal tem gostado muito, então, é um trabalho diretamente com o público, tem bastante gente aqui dentro. Escutamos bastante a opinião das pessoas.” A exposição permanente já faz parte da rotina das diversas trabalhadoras e trabalhadores da obra, e assim será para diversos outros que atuarão ou serão futuros pacientes do equipamento de saúde. “Então, a gente quer que quem chegar aqui sinta esse bem-estar que a arte traz.”