Bebidas alcoólicas podem levar planejamento alimentar e perda de peso por água abaixo
A medida que o calendário se aproxima de dezembro, os encontros de fim de ano se multiplicam. Das festas corporativas às tradicionais ceias e reuniões em família. No centro desses eventos, o álcool quase sempre ocupa lugar de destaque. Para quem está em processo de emagrecimento, seja por reeducação alimentar ou tratamentos mais complexos, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas pode comprometer semanas, ou até meses, de resultados.
No geral, as pessoas mal sabem, mas o álcool é uma das substâncias mais calóricas que existem. Ele fornece cerca de 7 calorias por grama, perdendo apenas para a gordura, que tem 9. Além disso, o álcool não é apenas um reduto de calorias vazias, ele altera o metabolismo, aumenta o apetite e reduz a eficiência da queima de gordura.
“Entre brindes e resenhas, o álcool é sim um vilão. Para quem está empenhado em emagrecer, seja por reeducação alimentar, prática de atividades físicas, uso de medicamentos ou qualquer outra alternativa para perda de peso, essa agenda social pode se tornar uma armadilha silenciosa. Praticamente, os alcoólicos não trazem nenhum valor nutricional e o grande problema não é só a caloria em si, mas o impacto metabólico. O corpo, ao metabolizar o álcool, prioriza a sua eliminação e, com isso, paralisa temporariamente a queima de gordura”, alerta Dr. Mauro Lúcio Jácome, gastroenterologista, cirurgião geral e diretor da Clínica Cronos.
O alerta é especialmente relevante neste período, quando uma única confraternização pode significar a ingestão de centenas de calorias apenas com bebidas. Uma taça de vinho tinto, por exemplo, contém cerca de 125 calorias. A mesma quantidade de vinho branco chega a 120 calorias. O espumante, por ser levemente mais seco, tem em torno de 100 calorias por taça. Já uma lata de cerveja, de 350 ml, soma cerca de 147 calorias.
Entretanto, aquelas pessoas que preferem consumir drinks porque podem ser ‘menos calóricos’, uma surpresa. Eles são, na verdade, ainda mais críticos. Um coquetel com vodca e suco de frutas pode ultrapassar 200 calorias por dose. Já um gin tônica tradicional gira em torno de 180 a 190 calorias.
“Para quem está passando por um tratamento de perda de peso, três cervejas ou três taças de vinho, acompanhadas de algum petisco, que naturalmente já é calórico, já pode ser catastrófico. Isso porque, além de acabar ocupando o lugar de uma refeição, ainda não lhe rendeu a quantidade de nutrientes necessária para a sustentação do corpo. Ou seja, além do superávit calórico, a pessoa ainda não se nutre suficientemente. E isso vira uma bola de neve no final das contas”, completa Dr. Mauro.
A situação é ainda mais complexa para utilização de medicações injetáveis, como a tizerpatiza e a semaglutida. Esses fármacos atuam diretamente na regulação do apetite e no controle glicêmico, oferecendo resultados relevantes na redução de peso e no tratamento da obesidade, mas tudo isso pode ser comprometido com o excesso de bebidas.
“Para os pacientes em tratamento com medicamentos injetáveis para controle de apetite, os prejuízos podem ser ainda maiores. Porque o álcool interfere em múltiplos aspectos do metabolismo e pode atrapalhar os mecanismos de saciedade promovidos pelos injetáveis. Esses medicamentos alteram o metabolismo da glicose e a saciedade, mas o álcool interfere diretamente nesses mecanismos e pode aumentar o apetite, neutralizando os efeitos do medicamento, e ainda potencializar efeitos colaterais como náuseas ou tontura. Além disso, a falsa sensação de controle que os remédios dão pode levar a exageros inconscientes”, salienta o médico.
Contudo, isso não significa que o corte total do álcool seja obrigatório em todas as celebrações. O que surge como alternativa é a moderação consciente. “O melhor é não consumir, mas, como não tem jeito, a sugestão é ptar por bebidas com menor teor calórico, intercalar com água, manter a refeição base equilibrada, evitar repetir doses e evitar misturas carregadas de açúcar ou gordura. Um brinde pontual não precisa destruir semanas de esforço, mas é importante não enxergar o álcool como algo “à parte” da dieta, mas como parte da conta calórica e metabólica”, orienta Dr. Mauro Lúcio Jácome.


