A saga dos Monges Beneditinos franceses em Piraquara e a passagem de “Che Guevara”

Por Redação 4 min de leitura

O Brasil sofreu um período de repressão política, que durou por vários anos. No Paraná, havia um lugar que era reservado para acolher, pessoas e intelectuais, locais e de outros estados, que eram perseguidos pelas autoridades, pois se mostravam contrários, as ideias e ao regime militar que governava o país.
Esse lugar ficava na estrada de Curitiba a Paranaguá, no município de Piraquara, Laranjeiras.
Uma entidade Católica de linha Beneditina de origem francesa, que estabeleceu um pequeno
mosteiro, por volta do ano de 1962, onde os monges desenvolviam suas atividades religiosas e sociais, junto com a comunidade local. Nesse local os monges abrigavam por um período, diversos políticos e intelectuais, vindos de vários lugares, perseguidos pelo regime militar. O mosteiro era frequentemente vigiado pelas autoridades policiais, e especialmente pelo Dops na época.

Nesse período o Mosteiro era comandado pelo monge Felipe Ledet, Pére Felipe, como era chamado, monge beneditino, de uma das mais antigas ordens religiosas católicas do mundo, fundada no século quatro por Bento de Núrsia. O monge Felipe comandou um enorme centro de espiritualidade pregando uma doutrina social, o que de certo modo era contrário ao regime que governava o país na época. As autoridades principalmente as militares, acusavam o monge de pregar ideias Marxistas. Felipe não era um monge comum, além da vocação religiosa, que o fez assumir o sacerdócio, teve uma vida bastante agitada, antes de vir para o Brasil. Lutou como Partizan, contra os nazistas, na resistência Francesa na segunda guerra mundial.

Era o mês de outubro de 1966, encosta no mosteiro, uma pequena carroça, vindo da estação de trem de Piraquara, trazendo mais um visitante, pedindo refúgio. Se identificou como Adolfo Mena, falava espanhol, muito poucas palavras em português, mas conversando por várias horas com o Monge Felipe, o mesmo já descobriu de quem se tratava, talvez o mais ilustre dos visitantes recebidos no Mosteiro, até então.

Nome completo: Ernesto Guevara de la Serna, mais conhecido como “Che Guevara”, um dos principais líderes da revolução cubana. Adolfo Mena era um nome falso, para que a polícia não o identificasse. Pediu refúgio para o Monge Felipe, pelo período de sessenta dias, até que um navio com bandeira boliviana atracasse no porto de Paranaguá, onde seguiria viagem. As semanas se passavam e o Monge Felipe relatava o que estava acontecendo no Brasil, naquele momento, O Marechal Costa e Silva, havia acabado de ser eleito o presidente do Brasil, diversos deputados haviam sido caçados pelo regime militar, que continuava duro como sempre.

Tudo era censurado e vigiado, ficou bastante assombrado com o relato, mas tirou um charuto do bolso, acendeu e disse:” Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a primavera inteira”!

Não existem documentos que provam essa passagem de Che Guevara em Piraquara, no Mosteiro, somente a estória oral contada pelas pessoas. As vezes o real se confunde com o imaginário, mas nesse período existem diversos relatos na internet, que falam da passagem de Che Guevara em Curitiba, o que nos leva a crer que ele esteve realmente por aqui.

Felipe foi um religioso muito amado e admirado por todos que o conheceram. Foi no filme “Fugindo do inferno”, um épico da Segunda Guerra mundial, dirigido por John Sturges, com Esteve Mc Queen, e Charles Bronson, é baseado na história real, do Monge Felipe Ledet. Foi implacavelmente, cassado e torturado, pelo regime militar da época, em seguida se transferiu para o estado de Goiás.

Por Cezar A. Sizanoski (O Tigre).

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