Gratidão – A ação de graças é encarnação do Amor reparador e intercessor. Amor reconhecido e grato, humilde e feliz…

O primeiro desastroso resultado do envelhecimento do homem – declara a filósofa Arendt, – é o fato que o homem moderno começou a experimentar ressentimento pelas coisas dadas – até mesmo pela sua existência – a experimentar ressentimento frente ao fato mesmo que ele não é o criador do universo nem de si mesmo. Neste fundamental ressentimento, ele se recusa de reconhecer poesia e razão no mundo que lhe foi dado. No seu ressentimento nos confrontos de cada lei meramente dada a si mesmo, ele proclama abertamente que tudo é permitido e crê secretamente que cada coisa seja possível…” A escolha entre as duas atitudes fundamentais, ressentimento e gratuidade, passa através da descoberta da gratuidade do ser, e isto se realiza quando nos encontramos com a luz, a beleza, o esplendor do rosto de Deus.

Existe uma passagem para realizar este encontro: uma tumba fechada e mulheres que preparam aromas para um defunto.

Se as nossas irmãs das origens tivessem parado naquela Tumba vazia e continuado a preparar aromas para um Defunto certamente não teriam visto a beleza… da paixão e da ressurreição! O Cristo Ressuscitado é a beleza, mas o Ressuscitado é um traspassado, um crucificado que “não tem aparência, nem beleza para atrair os nossos olhares” (Is 52,13,53,12).

A beleza de Deus é “totalmente outra”. “…a Jesus, que foi feito, por um pouco, menor que os anjos, por causa dos sofrimentos da morte, coroado de honra e de glória. É que pela graça de Deus Ele provou a morte em favor de todos os homens. (Hb 2,9)

Considerai Quem é o Deus que tanto sofreu e… “Gratidão”, segundo Zingarelli, é um sentimento de afeto e de reconhecimento por um bem recebido.

Ela manifesta-se sobretudo nas “pequenas coisas” da vida cotidiana. É antes uma atitude e se manifesta por tantos modos, da “ação de graças”, a saudação, à “disponibilidade” ao reconhecimento ativo.

Reconhecer a gratuidade de Deus no cotidiano, ser gratos e render graças revela a autêntica estatura espiritual da pessoa-criatura salva.

A falta de gratidão parece ser um gemido de Deus nos confrontos do povo eleito e da humanidade em geral.

O meu povo está obstinado em sua apostasia. Chamam-no do alto, mas ninguém se levanta. (Oséias 11,7).

Mas Jesus observou: “Os dez não ficaram purificados? Onde estão os outros nove? Não houve, acaso, quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro? (Lc 17,17)

AÇÃO DE GRAÇAS: FAZER DA PRÓPRIA VIDA UMA GLÓRIA DE DEUS.

A Fundadora e as Irmãs nos dizem que somente a gratidão pode libertar o homem, e libertá- lo de si mesmo. Ele não é mais detido no seu pequeno ser. Somente maravilhando-se, admirando, louvando a fonte do nosso existir podemos ser felizes.

Testemunhamos que a pessoa é graça, que deve ser grata pelo fato de poder agradecer. Somente com uma gratidão que alcança o profundo do ser surge a autêntica disponibilidade ao sim, a absoluta projeção para os outros, para as coisas menores, mais comuns.

Irmã Ailda B. Klüppell, CP

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