-
Anuncie: (41) 99774-0190
Maria Madalena Frescobaldi Capponi: Leiga e Fundadora das Irmãs Passionistas de São Paulo da Cruz
O ser humano não é uma ilha, mantendo assim múltiplas relações. Fazemos parte da história dinâmica e surpreendente, tecida com a contribuição de um passado marcado por diferentes períodos históricos que nos legaram uma herança cultural, que também é enriquecida no contexto e conjunturas atuais.
Neste contexto, nos situamos nos séculos XVIII e XIX, na Europa, precisamente em Florença/Itália, em 1771, e aí encontramos uma mulher nobre, aberta e sensível à realidade social de marginalização e exploração da mulher. Como leiga deu uma resposta propondo algo incomum e profético para este período histórico resgatando a dignidade da pessoa como “imagem e semelhança de Deus” e filhas amadas. Quem é esta mulher? Maria Madalena Frescobaldi: pérola preciosa aos olhos de Deus, da Igreja, da humanidade e especialmente para as Irmãs Passionistas de São Paulo da Cruz.
1. MARIA MADALENA FRESCOBALDI: LEIGA E FUNDADORA
Santidade na vida cotidiana Para compreender a personalidade e a missão de Maria Madalena como leiga e fundadora, é importante ter presente o período histórico de 1700 e 1800 em que viveu. Foi uma época marcada pelo iluminismo, o jansenismo, pela Revolução Francesa e reformas com sérias consequências para a Igreja e a sociedade.
Nesta reflexão tentaremos destacar os aspectos mais significativos de sua vida e missão na família, na Igreja e na sociedade num contexto sócio-político conturbado e o caminho de santidade no cotidiano sobretudo a abertura ao Espírito Santo que a conduziu à fundação da Congregação das Irmãs Passionistas.
Maria Madalena Frescobaldi, nasce no seio de uma família nobre, no dia 11 de novembro de 1771, em Florença/Itália. É a quarta filha de José Frescobaldi e Josefa Quaratesi. No ambiente familiar são cultivados os valores humanos e cristãos com a participação na vida da Igreja, aos sacramentos, especialmente da Eucaristia, tendo por devoção a Jesus Crucificado e a Nossa Senhora das Dores com uma particular atenção e compaixão aos mais necessitados, a exemplo de Jesus.
Em 1790, Madalena celebra o matrimônio com o marquês Pedro Roberto Capponi. A família se alegra com o nascimento dos filhos, dom precioso, porém a experiência de morte vivida na fé também se fez presente. Tiveram quatro filhos, sendo que as três meninas morreram ainda pequenas, permanecendo apenas Gino, nascido em 1792, vivendo assim com fé o mistério da Paixão em sua vida.
Em 1811, Gino casou-se com a marquesa Julia Vernaccia. Do matrimônio nasceram duas filhas: Mariana e Hortência, que após oito dias do seu nascimento a esposa faleceu. O filho confiou a Madalena suas filhas, assumindo como avó e educadora nos valores humanos e cristãos.
Enquanto a vida cotidiana transcorre entre dos deveres, afãs da família, especialmente como educadora, participando da Igreja e dos compromissos sociais, na França havia iniciado em 1789, um período conturbado com a Revolução Francesa, vivido com equilíbrio, sabedoria e misericórdia.
Em 1780, a família parte para Viena. A viagem converteu-se em exílio que durou cerca de dois anos. A vida em Viena abre novas oportunidades para Madalena que conhece o movimento da Amizade Cristã, que propõe sobretudo a glória de Deus e a santidade de seus membros.
Em 1803, a família retorna a Florença e Maria Madalena começa a participar do grupo da Amizade Cristã. O ano de 1806 foi decisivo na vida de Madalena. Ela participou dos exercícios espirituais dirigidos pelo teólogo Guala, colaborador do P. Lanteri na animação do movimento.
Aberta ao Espírito e à realidade de pobreza, de exclusão no contexto da Revolução Francesa que necessitava de Deus e dos valores do Evangelho, realiza um processo de escuta e discernimento. Diante de “Jesus Crucificado inteiramente entregue pela salvação da humanidade”, sentiu o chamado de entregar a sua vida seguindo o seu exemplo. Ela percebe claramente que o Espírito Santo a conduz a entregar a sua vida aos mais necessitados de amor, de compaixão e misericórdia que para ela no contexto da Revolução Francesa é a mulher explorada e marginalizada. Através da vivência do amor cristão, começa a visitar e dedicar o seu tempo como voluntária, cuidando das mulheres doentes no Hospital dos Incuráveis, juntamente com a colaboração de senhoras que foram atraídas pelo seu exemplo de humildade e entrega.
Em 1811, busca dar uma resposta concreta a esta realidade. Abre uma casa às suas despesas para acolher as jovens que pediam e desejavam fazer um caminho de conversão sincera, de formação, de convivência para reconstruir a dignidade de filha amada de Deus, salva e enviada a ser testemunha de misericórdia, de vida e esperança.
Em 1814, Madalena encontrase com o papa Pio VII e apresentalhe o projeto, o qual dá seu apoio animando-a a seguir em frente com suas bênçãos. E ocorre algo surpreendente, o milagre da acolhida da graça com a abertura ao amor misericordioso de Deus: algumas mulheres atraídas, curadas e salvas por Jesus Crucificado desejavam entregar sua vida a Deus.
O sonho se torna realidade! No dia 17 de março de 1815, nasce as Escravas da Paixão de Jesus e de Maria Santíssima Dolorosa, as primeiras Irmãs Passionistas de São Paulo da Cruz.
Maria Madalena, opta pela educação como meio da missão. Como educadora, com bondade, firmeza e misericórdia, acompanha a comunidade que cresce também em número com outras jovens que solicitam para ser acolhidas, partilhando a experiência da misericórdia recebida e dada.
Irmã Iracema Ferranti, CP