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O BOI E A EROSÃO – projeto “BEBEDOURO”
O boi também provoca erosão. Não por culpa dele. Por culpa do dono. Normalmente as áreas rurais destinadas à exploração da pecuária situam-se em terrenos posicionados em declive, descendo aos córregos e rios.
Observa-se então que o gado ao se dirigir para o manancial com a finalidade de beber água, faz a sua caminhada em fila indiana, um atrás do outro, repisando seguidamente o mesmo caminho, formando um carreiro, matando a vegetação.
Consequentemente, as águas pluviais, as enxurradas, encontram um escoadouro em direção aos rios e riachos.
Daí resulta, dependendo da densidade das chuvas, o nascimento das voçorocas e o assoreamento dos ribeirões.
Por outro lado, bebendo a água dos rios, o gado arrisca a se envenenar com os agrotóxicos lançados nas lavouras a montante, além de perder grande quantidade de energia devido ao esforço despendido nessas caminhadas, além de enrijecer a sua carne.
A ingestão de areia por sucção nos pontos assoreados provoca nos animais vários tipos de indigestão, pois a mucosa ruminal sofre grandes alterações levando-os à caquexia e até a morte.
Além disso, a disseminação de viroses, viroses e doenças bacterianas também se faz pelos rios (febre aftosa, tuberculose bovina, brucelose, etc).
Ainda em virtude do sacrifício ao qual é forçado para beber água, o gado se submete a uma prejudicial dieta hídrica – bebe menos água, predispondo-se a contrair o bócio endógeno,o papo, pela deficiência de iodo. Caso o tratamento não seja imediato, não há como se evitar a morte.
Entendemos que para se solucionar esses problemas, o pecuarista deveria reconstituir as matas ciliares, cercá-las para evitar que o gado beba água nos rios e instalar bebedouros sombreados em pontos estratégicos da propriedade.
A execução do projeto exige, logicamente, um investimento, mas o seu retorno é garantido com os seguintes resultados imediatos: Eliminação substancial da erosão rural – ninguém quer negócio com área erodida; não contaminação e não disseminação das doenças citadas; anulação de mortes obscuras devidas à ingestão de areia; recuperação da fauna, da flora e da vida nos rios contribuindo para a recuperação do meio ambiente e para com o controle de pragas, com o retorno de passarinhos que se alimentam de bernes, carrapatos , cigarrinhas, formigas, etc, além de melhor conversão alimentar pelo fácil acesso aos bebedouros com maior consumo de água por unidade animal o que garante peso e qualidade de água e de leite, resultando maior produtividade, mais lucros e direta e benéfica influência na saúde pública – melhor qualidade de vida.
“BEBEDOURO” foi o único trabalho elaborado por leigo para exposição no Primeiro Simpósio Sul-Americano, II Simpósio Nacional de Áreas Degradadas, I Expo-Ambiente, eventos realizados simultaneamente e organizados pela Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná – De 6 a 10 de novembro na cidade de Foz do Iguaçu. Foi contemplado com o Prêmio Paraná Ambiental de 1997. Para a sua elaboração, contei com a importante colaboração técnica do veterinário Sérgio Adami, também de Santa Isabel do Ivaí.