A IDENTIDADE CARISMÁTICA DE MARIA MADALENA FRESCOBALDI CAPPONI

A Passionista humaniza a vida encarnando a misericórdia e a solidariedade

Hoje, em força do nosso ser Mulheres-Consagradas-Passionistas, assumimos nosso dever de estar presente lá onde cada dia se constrói a história do mundo, o futuro dos homens e das novas gerações porque cada vez que ajudamos alguém a reencontrar a dignidade teremos contribuído para tornar mais humana não só a sua vida, mas a sociedade. O encontro na perspectiva Bíblica se fundamenta sobre o Verbo que “se fez carne “(Jo 1,14). A partir da Encarnação, o encontro de Deus com a humanidade, todos os nossos encontros adquiriram um novo significado e por isso mudaram.

Com um gesto de SOLIDARIEDADE o Verbo feito carne leva de volta a humanidade ao encontro com o Pai. Assim, a nossa Fundadora, demonstra compreender esta solidariedade do Filho de Deus e por sua vez “sair de si mesma,” para levar de volta ao Verbo Humanado a mulher marginalizada, a menina em situação de vulnerabilidade e pobres… Madalena fez seu o estilo de Jesus com as mulheres do seu tempo que fizeram a experiência de uma radical transformação no encontro com Ele. Através da mediação da Fundadora também nossas primeiras Irmãs experimentaram a mesma transformação; delas tomaram forma as nossas raízes e graças à sua fidelidade, também para nós se realizou e se realiza o encontro com o Carisma da Congregação e por força disto, nós nos tornamos mediação para que outros irmãos e irmãs encontrem o Messias. No Evangelho encontramos Maria, a mãe de Jesus, que em Caná se apresenta como a Mãe da nova criação e da nova humanidade; aquela que com atitude de contemplação ativa é capaz de perceber o sentido do essencial. Maria, mulher solidária que intercede pelas dores da humanidade, nos provoca a acolher os gemidos dos nossos destinatários e a reconhecer neles a dor do Filho.

Como Maria, a Passionista é mulher de encontro e misericórdia, intui nos desertos do mundo as forças que impelem a encontrar novos caminhos, deixar outras pistas, manter com alegria e esperança o eterno peregrinar… Com esta atitude a Passionista realiza uma memória específica que a identifica e a seus destinatários específicos, os crucificados hoje na cruz da história.

Na dinâmica do encontro encontramos a reciprocidade como capacidade de interação entre as pessoas e os espaços humanos reais, e a criatividade como poder fecundo de transmitir a realidade plena de valores. Constatamos que o ritmo convulsivo da vida impede relações de encontro com a realidade; impele a submeter-se às opiniões da maioria e a assumir a rapidez e a pressa como medida de qualidade. Tudo isto sufoca a criatividade humana.

Diante desta situação, exige-se olhar a realidade com atenção e inquietação, desenvolvendo a capacidade de “vibração” e “respeito” no âmbito da liberdade pessoal e de uma contínua tensão espiritual. Na interação criativa com o real, brota a linguagem; ela é o veículo vivo para a construção e criação dos espaços interpessoais. A linguagem não é só um meio de comunicar notícias, mas sobretudo instrumento no qual as pessoas criam espaços de convivência, amizade, comunicação, amor.

O quotidiano é o lugar privilegiado no qual se realiza o encontro da pessoa consigo mesma, com o outro, com o cosmo, com Deus, segundo o esquema CHAMADO-RESPOSTA.

Do contexto-histórico-carismático emergem as seguintes idéias fundamentais: Jesus revela a misericórdia do Pai assumindo diante do mundo o mesmo destino da humanidade decaída. A misericórdia do Pai colocou no Êxodo, na direção da humanidade, a vida do Filho, expressão do seu coração, aberto e sensível às necessidades e aos sofrimentos.

A chave de leitura da misericórdia e da solidariedade constitui para nós uma nova perspectiva e um modo novo de ler o Carisma de Maria Madalena. De fato, a imagem do Divino Redentor é o ícone que atravessa os textos das Constituições e faz compreender a ideia e a experiência de um Pai “terníssimo”. Madalena se deixa “tocar” pelo caminho das suas jovens e no encontro com as irmãs marginalizadas se deixa envolver no mistério da compaixão que se traduz em misericórdia. Ela não se sente fora da sua condição de vida, mas participa da mesma misericórdia que envolve a todas.

Maria Madalena e as nossas primeiras Irmãs nos ensinam a ler e a interpretar a história com os olhos e o coração misericordioso de Cristo. Com elas somos desafiadas a entrar profundamente nas provocações da história e das reais situações dos nossos povos e delas nos tornarmos responsáveis.

Ligada à misericórdia e às suas obras, encontramos (a mulher marginalizada, as meninas em situação de vulnerabilidade, os pobres) aí a reparação se faz necessária. No educar, a reparação se volta para um novo horizonte. Não só repara mas cria uma obra mais bela que a precedente: “onde abunda o pecado superabunda a graça” (Rm 5,20), onde falta o vinho, recebe outro melhor (Jo 1,1-12), onde permanecemos fechados nos nossos medos rompe o poder do Espírito, para ser, a nossa vez, uma força libertadora no mundo.

O dever de salvar, portanto, exige profunda comunhão com Cristo que se expressa em dois momentos: “estar” junto à cruz de Cristo para “assimilar” o modelo e “ir” ao encontro das jovens para “escutar” as solicitações de sentido impressas na sua história e juntas descobrir e propor significativos caminhos de libertação.

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