Poeta, quem sois?

Poeta não tem definição, tem nuances,
desce ao mais profundo da terra,
Alça-se aos píncaros do nada,
E do nada vive a delirar sonhos
De realidades e realidades de sonhos.

Vive de um caráter titubeante:
se numa esquina se sente alguém
noutra cambaleia como um ninguém.
A cada verdade suposta se prosta e
a cada insensatez
se mostra antes nada do que tudo.

Sua voz clama aos ouvidos de outrem
e sua filosofia desafia tudo o que foi quanto.
Tem só um coração que se transforma em tantos.

Seduzido, contempla o céu nebuloso,
acreditando piamente que depois do vicioso nuvear
exista um brilho que nunca é vulgar,
que nunca é plúmbeo, que sempre é mavioso!
Ele não tem definição pois caminha nas sublinhas.
Seu andar nada condiz com a tranquilidade
e seu endereço sempre é desconhecido.
A cada tombo da vida experimenta
Um percalço magnifico risível.

Aonde vais, meu poeta louco, envolto em fantasias?
Buscar as razões de todas as maldades?
Os motivos de todas as hipocrisias?
Deita-te, meu menino grande, no teu leito simples
E repousa com cuidado a tua faina
E, antes que o sono te tome, dize como Cecília:

“Eu canto porque o instante existe
e minha alma está completa,
não sou alegre nem sou triste, sou poeta!
Irmão das coisas fugidias; não sinto gozo
nem tormento, atravesso dias e noites ao vento”.

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